sábado, 27 de março de 2010

O falso bobo


Ao viver da expressão
O choro ressoa risonho
A lágrima lhes é invisível
Um mundo levanta saltitante
Porém...
O reino de dentro
Pode sangrar
Ai do bobo que assim
Revelar!
É o caos do tempo novo
E o alegre não arreda
Não perde
O passo e o salto
Desgosto
A lágrima novata
É tatuagem no rosto
O astral do recinto
É a energia do bobo
Seu passado
Ataca-lhe à dança
Bravata!
Não lhe deram a tristeza
Só coreografia
“Enriqueça!”
E um bobo acontece
Ao cerne do salão
Não há prece
A pele é fantasia, coragem
No outro lado, a alma
Persiste
Contra a defasagem
Em sua arte
Encontra aclamação
Na saudade, seu lado sombrio
No vazio
Então constante
Somente rodopia...
Quem sabe um dia
Não vença a solidão?

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pluralidade ardida


Eu não sou igual
Você não é igual o dia
O dia não é igual a mim
Eu não sou igual a você

O mundo não é igual
Você não é igual o tempo
O tempo não é igual
O mundo não é igual a você

O espelho não é igual
Você não é igual o senso
O senso não é igual o certo
O espelho não é igual a você

O novo não é igual
Você não é igual o pop
O pop não é igual o necessário
O novo não é igual a você

O igual não é o mesmo
Você não é o mesmo que o futuro
O futuro não é o mesmo que o interessante
O igual não é o mesmo que você

Eu não sou o mesmo
Você não é o mesmo que o ontem
O ontem não é o mesmo que o tarimbado
Eu não sou o mesmo que você

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cisão alguma


Estar invisível ao mal
Poder extrair a essência
Em seu âmago,
Amado me fez
De todo fulgor
Contido.
E alimentas a força
De tudo que explode
Em meu íntimo.
Execras a dor
que faz-me mentir;
Exilado na verdade
Mapeio um campo
Etéreo na lei da razão
E sinto todo o universo
Cabendo
em uma pequena parte
Do meu estranho amor...
São meus olhos,
Teimosos ao indicarem
A sua versão mais fácil
Quando,
de igual errata,
As mãos arvoram-se
Em descobrir
O que outro ente,
ao cerne de mim,
Domina e venera
Porém sou um tolo...
Mereço desprezo
Do principal abraço
E tudo que já quis
Tantas vezes
Levou-nos ao chão.
Há de querer-me
Quando o elo
Mostrar-se rompido
Busco-lhe no vazio
Mesmo embriagado
Por qualquer alegria
Alheia à nossa
Fazenda de sonhos.