quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Nós “zero”


Em lugar de sermos força
Optamos escuridão
Se queres emparelhar
Não nos resta um só grão.
Parte-se vidro...

Segue rio em água turva
Corpo moído, escafandro
Companhia que é viúva
Lá isso no fundo com ruído
O dito pelo não quisto...

Morte, assalto, acidente
Que acometesse sem matar
Escachar não, nem pensar
Eu algoz resisto, residente
Pensemos nisto...

Sempre, sempre ajustando
Cospe e erra, cospe
O acerto se vier, sete pedras
Acerta as pernas, se sacode
Corre, corre!

Sensação é puro esmero
Não sente cada cor, desmancha
Insistência em sermos zero
Remonta, grita que sou um
E quão valeis?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Luz eterna


Estás a crescer...
Teu melhor sonho eu vi.
És um Ipê ascendente
E a alma
Esta não cabe em meu ver.
Nenhum mal lhe alcança,
Flor do bem
Crê na vida por ela só
E nenhum verso percebe
a grandeza...
Eis que busco a ti.
A paz de uma ilha é você
Não mais que você
Somente meus olhos de fiel
Aprazados pelo divino
Enxergam-te
E tão distante, meio perto
Nos sentidos,
Correspondes à criatura
Entendida
entre um homem e um anjo.
A claridade mora no rosto
Inconfundível farol
E já em silêncio
O correto é por ti.
O próprio sol segue triste
Tão melhor é você,
Radiante!
Eu,
Que por demais consciente
um louco apavoro
Movo a rua em teu encalço
Em prol da esperança,
Seguindo o rastro
ao me fazer
girassol desgarrado.
De repente
tua luz é ainda maior
Eu compreendo...
Almejas o infinito
A luz eterna,
razão sempre necessária
Posso viver com isso
Atendido, do teu lado
Ao te conceber,
Em cada novo dia
Encimado por você,
Desejo mais que encarnado.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fuga


Eu não nasci para tudo
Nem sempre sigo tão mudo,
Eu busco cada olhar, cada palavra exata
Os teus semblantes livres
E os segredos que vão até a cintura.

O nosso mundo é bom,
Cada centavo, um nada,
Nós é que sujamos a casa.
Não sei de quem eu falo, já não sei quem descrevo
Não reconheço nem cruz, nem trevo.

Toda a cidade passa por mim
E o meu olhar passa bem longe
Lá em cima segue a verdade
Tão logo abaixo, meu desejante.

O curto virou distante
A eternidade fez-se tão breve
Eu não desisto, amar é isto...
Ciranda de vem e esconde

Sobrando em cada esquina
Eu fujo dessa carona
Eu corro, solto no morro
Tudo sem pedir abrigo.

Essa eu venço por mim mesmo
E em cada salto você é mais eu
O que esperas de mim, no fim
É que eu possa apenas ser teu.