quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Nessas naves

És livre para que o amor faça-te chegado
Por um rio de nuvens
Ainda que não tenha saido o teu barco,

um casco de alísio.
Engendrado terei meios-fios de alvorecer
Hoje e sempre,
Dentre os rumo de um desejo náutico
Tratado em gestos de simples correntes
de cor crepúsculo.
O firmamento das descobertas existe
para a lembrança do teu plano de vida azul
Triste que tenha sido o caminho
de outrora
Aquém sete mares ventosos
Estou eu
Porto em abraço nas alturas.

"Baixar âncoras"

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Tamanho

Eu estou com um coração do tamanho do meu quarto;
Embora minha alma seja do tamanho do mundo em que vivo.

Minha consciência não possui tamanho,
mas está condicionada ao tamanho dos meus sonhos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sinônimo


Do apreço que dedico ao viver, muito passa a ser natural quando ocorre-me a ti como grande fim... Ainda que nem dê-se em contas.

Ofertar o amor, mesmo que perto dos trinta, transcorre de todos os planos indecisos que transitam entre nós sem fazer sentido algum nem cessar.

Enquanto houver encontros, pobres palavras serão lançadas com tanta veracidade que o coração desdistinguirá indiferenças e desencontros.

Simplesmente dócil é esse meu querer, pois desconhece precedente e dispensa requintes de instrução. Risco absoluto de existência.

E, por acaso de descuido ou atribulações, eu vá sentir desgosto qualquer em nossos corações, vou à raiz da confiança que nos uniu. Lá residiremos.

Compõe uma classe que há tempos desacredito esbarrar. A ti consigo apenas ser minha própria honestidade, para que possa existir perante tua fé.

Nada do que escrevo-te terá propriedade sem olhar-te nos olhos. E contento-me em não conceber a origem de todas as amarras para ti dos meus olhares.

Do teu existir, poderia ainda tecer maior testemunho. A gratidão a ela, contudo, me basta.

Ao teu amor, se por ele eleito, serei assíduo. Far-me-ei vassalo do teu bem-querer. E viver será sinônimo ao teu nome.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Escolha


Tenho escolhido-te a todo momento... Aquilo que eu faço de bom à outrem, é como se fosse para trazer paz a você.

Você tem sido uma árdua escolha. Tudo é complicado entre nós, embora eu tenha descomplicado tudo para que estejas por perto.

Escolhi você porque conheço-te o suficiente para entender que possui segredos que lhe pertencem, apenas. Isso é respeito. E segredos não são mentiras.

Eu nunca escolhi alguém como você. Óbvio... Nunca tive mesmo escolha melhor para fazer.

Escolher-te não é algo correspondido, então eu me calo. Tenho cérebro suficiente para saber o que é ter que estragar uma bela companhia.

A melhor escolha é ver-te livre. Investidas vazias são ridículas e há coisas mais bem intencionadas aqui dentro. Caso não fosse, eu, bom, proteger-te-ia de mim mesmo.

Seria você, de fato, uma escolha? Não... Talvez um amor cego pela beleza e por um quinhão de qualidades. Ou sim... Detecção de carinho pleno, condições favoráveis de respeito e cuidados.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Espera...


Resignado, no primeiro suspiro, pensar, de cada dia
Creio entender naquela zelosa memória tua, insistente,
Rolar de ondas de afeto, abrasivas, como quem sente
E dela virá, porque assim cabe, toda minha fiel alegria

Onde estará você que, de tanto susto, perfeitamente sorria?
Cedeu ao sono, ante o trabalho, fez-se riso ausente
Que não se apaga, ninguém compra, aqui da mente
Estejas bem, passado o medo... pois comigo a noite é fria.

E para que eu guarde tudo que for preciso dizer no final
Preparo um desenho teu a dormir, e compreenderás
Quão impossível é, da forma que tenho amado, te esquecer

Aí, quem sabe outro ano, quando olhares para trás,
Consideres que o amor não é brincadeira ao amanhecer
É mais que estudo de caso, é dedicação, pura e total.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Namoro psicológico

Incontáveis pulsos de saudade
extravasam o quarto,
Somem pela vizinhança.
Enquanto sorvo a solidão pela noite,
Ludibrio-me em crer que há
distração possível
Ou diversão convincente.
Tão longe de ceder à exaustão,
Abraço-te no vazio
E o estranho no espelho
Fulgura-me com resoluto riso.
Um intrincado de emoções
desloca a realidade mais compressiva:
adormeço convictamente enamorado...
Desperto esquecido.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Invite


Traga a ti mesmo inserto em qualquer vago pensamento meu, que és bem-vindo nesse abraço esquecido.

Noutra proposição de felicidade, não consistirá o poema mais chulo do meu íntimo, preciso dizer...

Tens a cor e a saudade residente no alvorecer e nada me resta a não ser levar a mão ao peito.

Há muito que te pretendo, faz tempos que desiludi tua adoração. Se fordes perdoar, eu imploro que inicie pelas lágrimas minhas.

E corre um medo de tudo saindo feito o esperado... Sigo a perder o direito sobre o que preciso, ganhando o que não mereço.

Cada fóton em teu brilho rechaça sem saber a labiríntica sombra aqui dentro. Invasão consentida.

Sabes ou não que estes versos são para ninguém. Afinal, um suposto destinatário é luz e mistério.

Flutuo no aceite incógnito que empregas sobre meu carinho antigo. Embora pese que invitar algo em cacos é covardia.

Todo um viver compartido entre nós deu-se desde o primeiro sorriso, em mil argumentos. Era claro.

Tenho um amor indelével a médio alcance que lhe pertence, desprovido de procedências. Estudo agora um meio.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sintonia total


Tão simples poderá ser a palavra
Ao sentir uma parte de tudo que se quer
A vir n’outra fala da mesma alma...
Antiga gêmea da qual jamais esqueceria

Nem mesmo a insensatez de um passado
Arranha teu irrefutável brilho distinto
E cora-me os dias, cheio do que me falta
Compondo-se meu querer, assim irá

Não há vontades perante sua atenção
O que tens de mim segue carências
E até que durmas, precisarei de ti.

Se estarei sozinho, pisarei forte o caminho
O solo não difere os passos, de certo
Unidos, haverá o peso de alguém no colo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poesia postergada

Haveria de admitir,
a partir do meu nobre encanto
Embora a força dos tremores não permita,
Que o apreço suplicante em nosso enlace
Encerra os males da realidade presente
Com arrebate certo
Recriando tudo
a partir do nosso amor iminente.

Por esse instante de euforia,
Regrado de implacável cárcere
Em saudades,
Chega de esconder o poder
Do que é puro e irrefutável!
É nascido um novo ser...
Estado de bem querer intenso
E em tempo de oferecer o mundo.

A graça de qualquer gestual funesto
Fez deste um balé confuso
E o abraço, agora, já uma geleira
Quando jamais avisastes
Que a escolha teria sido inexistir
Nessa vida minha
Atordoado em seu mundo
e nem mesmo sabes por onde andas.