sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Personalidade contingencial


Nada é tão grave e eu sou tantos...
Nem tão estranho que não se possa confiar
O centro da folha e cada ponta;
A própria reflexão de mim em água
Não no espelho.

O que mais incomoda...
Livrai-me! Sempre complicado,
Muito bem, obrigado!
O abstrato da mudança, inexato
Não o retrato.

Nada me faz direito
Total destrutivo, com muito respeito.
Amor...
agora e sempre, amém!
Só que o ódio transforma também!

Tenuidade é nada mais que realidade
Situação! Perfeição...
Quem criou? Quem quer?
Marketing furado!
Desce ao estômago, não traz namorado.

Não se deixe prender em um
Sai! Multi-aconteça!
És tantos e nem sabes.
Assim como eu,
Disfarçado e não educativo

Nenhum deslumbramento
Podes saber
Mas não anote, vai que não seja?
Venha e veja a feira
O eu social, urgente, improvisado, e contingencial.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mil palavras


Eu tenho a luz da manhã
E o centro da praça apressada
Com tudo que eu não sei
Sobre mim mesmo...
Indigente não há em lugar
Senão desalento,
Desse interior sem vias
Ou veias,
centelhas condutas
De um transito incerto,
sangue alquebrado
E querido
Por alguém tão importante,
O próprio silêncio.
Ou espírito do momento
Não a pessoa
Senão o próprio sentimento
Repousado em leito
Repleto em dúvidas
De todos os alvos tombados
A caminho do meu peito,
Quando terás vindo
Tão minuciosamente
Procurando não só dentro
Mas em todas as dimensões
Desse que não perde
Fagulha, que seja
e detalhes áureos
de um riso santificado
Que me rouba os olhos
E as mil palavras.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Errante



Arte: Female Eagle in Mongolia
Matthieu Paley/Corbis


A cota de desespero inclui
amizade comprometida
O que está à vista não pode ser
Levado em consideração
Esforços empregados abatidos em conta
E toda diferença estabelecida...
Ao que está nos planos,
Tudo que for melhor na cauda do escorpião

Não se trata de uma noite “nada”
E um tudo constante
A ventania algoz
é conjurada com magia branca
Tudo que tomba, até os mortos
Largaram de si, por tristeza
Ou por extrema coragem
Nessa paisagem agridoce

Tomo a riqueza jacente
Em seu próprio tempo
Jamais identificado, ridículo
Que sou uma ave errante
Distante de empoleirar, melhor...
Que jamais chegarei ao futuro
Covarde sou em insistir
nisso tudo que faço e vou.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Com ferro, ferido

De tudo que lhe dói,
Eu dei o pior
Bem perto de admitir o acerto
Meu deleite perdeu o sentido
Imerso em razão voraz
O fiz partir...
Dilacerado no coração
Meu azar!

Uma vez certo,
Não vi a mim
E cortei-me mais fundo
Mas na sua carne
Protelei novamente
O melhor estado
Imerso no pélago de nós
Nos sonhos.

Sobrepujei os meus sentidos
Ao flagelarem-me
Com aquela dor
Que causei-lhe à tolice
E que matou-me
No próximo minuto
De remorsos
Perdeu.

E o buraco cardíaco
Inflama aí sem abrandar
Um tiro de culatra
Vem arder por cá
Eu perdi, era lâmina
Como poderia não ver?
Doía em mim, sem calibre
E estava em você.

Tipo

Da convicção purina
Verdade nos toma,
Um tabuleiro real de vida
E os olhos vestem-se
Em sua prontidão
Cansados de chorar,
Letais ao cerrarem
Portenhas de carne.
E recordam todo tipo de amor.

Sobretudo o irreconhecível:
A onda irrefreável;
A colheita diária;
Figurinhas;
O jantar de ontem;
Apenas uma fantasia;
Um sol eterno...
Ou algo ainda não definido.
Jacente em seu próprio sonho.

Que de fato seja
E que não haja por onde não ser
Eu, apenas,
O seu canteiro baixo
A lhe arrancar de volta
Nobres risos,
Mas puros,
Cativos.
Que não limitarás o contento.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Curta


Curto é o que eu sinto pela manhã
Manga você por eu estar à fome
Solo de plantar, ou de qualquer arranjo
Como você quando sai de casa.
Quadro, este, de quem?
Traga esse corpo aqui.
Canto em uma sala de amores,
Nós nos membros apertados.
Casas, certamente no futuro
Vendo, portanto, só verdade.

Perdão em contexto


Venha ao meu momento
Para que nem tudo fique sem cuidado
Quando eu jamais direi
Merecida seja minha pilhéria
Ao abraço sequer desmerecido
Da sua perfeição
Até que chore aturdido
Um rapaz...

Em nosso universo perpendicular
Os caçadores desistem
Antes de acordar
Porque nós, em contrário,
Formamos o par
Um ímpar sem casar
A dica não aceita
A melhor morada em nenhum lugar.

Só enxerguei o hoje
Naquele tempo,
Porque você era o olhar
Acredite, hoje sou cego,
Mas ouço nossas vozes do amanhã
E elas martelam tantos sins,
Querem tanto sorrir uníssonas,
Que temo não estar guiando-as como merecem

Não sou a razão para tudo existir...
Sou modesto e não ressinto
O seu amor é seu e pronto;
Sua tristeza você quem compra.
E eu pago as parcelas
Com riquezas que não disponho.
Perdão por ser o que mais queres
Que eu me perdôo pelas contas em atraso.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Minha ação


Arte: Zephyrus transforming the nymph Chloris into Flora - Sandro Botticelli


Eu não vim para atirar em você
Nenhum jogo perdido de palavras;
Queria te salvar da sua visão
E não permitir que desmorone
Em sua construção falsamente concreta
De estrutura fundada em elogios alheios.

Não vou partir da minha ira,
Como um dia desses...
Saltando os pensamentos
Sem com eles gerar nem mesmo uma ideia;
Trago os sentidos de nós em confronto
E em sinal de calma não faço alusão ao seu nome.

Saber do meu coração
É o mínimo possível não exigido
Que eu também não atingi,
Não pelo menos de tão perto o suficiente;
Porém não vou fugir como disse,
Voando por cima de pedaços exauridos de fotografia.

Vou continuar n’um abraço bonito...
Só para não puir os bons fluidos de seu aperto
E ao exercer o princípio da primeira ruptura
Eu me traio!
Só para rir de mim mesmo
E gozar novamente um decisivo enlace.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Correria


A via da solidão
estreita os intentos do andarilho;
Na rota para o destino dos pés
Uma esteira desvenda o trajeto

Aturdido estará o jovem
no arremesso vil dos membros
Uma linha férrea em velhos tormentos
desafia um sóbrio à sua frente.

O viajante lacrimeja outros passos
Diante dos desejos violados
Ao investir de si ao vento, nesta curva.

“Dobre o ódio volvido no sentido oposto”
Que a chegada é feita em bom viés
E a serenidade sempre em prol da correria.

sábado, 15 de maio de 2010

Amor à espera

Um amor à minha volta é sempre o mesmo amor
Já fugi de certa vez, já se foi outras tantas
Já sofri, já vibrei,
reclamei o mesmo amor
E de volta pra casa pensei tê-lo deixado

Ainda que o amor tenha me exilado
Mais certeza não há de seu tom sagrado
É a própria guarida divina em vermelho
Não me deixas, permanece leal e ao meu lado

Não há paz, não consigo respeitar o tal amor
O que dos céus se ausenta entre nós, finalmente?
Nossas flores despetalam em palavras indecentes
E assim, ganho e perco, desarranjo seu fulgor

E na luta diária o amor se apaga
E na falta noturna ele se esconde
Na manhã seguinte ele espera ao pé da cama
E dos sonhos
Não desiste deste vil que o defende
Apesar de tudo
Sobretudo...
Admitindo ser estranho.

Um amor a minha espera tem o mesmo dom de amar
É loucura esse pesar, não o perderei de mim
De um salto, o exalto
E exalto meu conforto
De volta para casa hei de trazê-lo sempre comigo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Paradoxo da incógnita vivida

Tenham a satisfação de apreciar um saldoso poema de um amigo que faz parte de um grupo de parceiros. São eles os Devoradores de Letras.

Paradóxo da incógnita vivida

A morte quando decide nos abraçar,
faz com nossas esperanças
como se tivesse em mãos
eu torrão de areia,
deixando dissipar-se no ar
as pequenas partículas quase que invisíveis
que se esfarelam entre os dedos.

Um contra-peso nos é presenteado
pela graça do universo
num destino maravilhoso
que ainda nos lembra de estarmos vivos,
nos lembra de bons amigos
de amores passados e vitórias conquistadas,
servindo de alívio
para que possamos partir,
sem o manto melancólico da desgraça iminente.

Porém,
os poucos que percebem o intuito da graça,
caem na verdadeira desgraça,
sabendo que só são agraciados
para amenizar a dor da partida.

E a dor passa a se tornar
uma alegre vontade de viver,
só pra sentir vontade de morrer de novo
e largar para trás a tristeza
de uma vida vazia,
morrendo cada vez mais contente
a cada suicídio.

O Escritor é Jefferson Araújo e para acessar o endereço do poema visite:
Os devoradores de letras

terça-feira, 11 de maio de 2010

Viver e dúvida


Eu nunca me preocupei em ser sempre certeza.
Mas isso não impediu que eu me tornasse
a eterna resposta para tudo à minha volta.
Quando o mundo corria, eu quis deitar.
Quando o amor mais me quis, eu lhe dei as costas e decidi amar.
De repente resgato o caminho trilhado repleto em erros.
Aponto o dedo para o nariz do meu próprio presente - tempo
E ele, tristonho, me decorre que é um ator
E muito envergonhado, porém sempre honesto,
Relembra-me que sou seu roteirista e diretor.
Se eu contraí a fé nas etapas vividas por mim,
Eu fui covardemente ludibriado já que
O que eu mais pretendi era ser feliz e
Eu não queria ouvir de ninguém os insultos e a verdade.
Deprimente é aceitar que eu mesmo criei a minha fé.
O que exatamente me alerta que
eu mesmo me dei o meu presente - engano.
A minha cabeça é o planeta dúvida
e gira em torno de si mesmo.
É satisfatório...
Contudo, o ritmo do meu particular conflito
Não alumia nenhuma caverna de longevidade.
Vai ver que muito de viver e amar termina
Vai ver que a vida sempre continua...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mulher de vestido azul cetim tomando café


O nome da cidade é desimportante.
No largo eu nem me dei em situado...
Antes do contorno direcionado
ao aberto,
Foi notável, por reflexos,
O destoar do azul na arquitetura
Cáqui-opaco.

A fonte era cetim ofuscantemente.
Ao sol o objeto era terráqueo
De natureza não-identificada;
Devida cautela requereu o contato
Visual desacreditado
E uma praça já não coexistia.

À verdadeira distância era
uma tocha royal;
Na suntuosa proximidade era mulher
E a postura era sua fórmula
Para compor as quatro dimensões
Com espaço algum.

Conforme a distração
Fosse um escudo aos olhares incrédulos
O porquê daquele azul veio ao caso
E já tão perto
Meu sobreolhado não descrente
Interpretou a obra.

A duração daquele levante
(de xícara)
Ofendeu-me a manhã
Até que a semana inteira
Perdesse o compasso...
Que vapores!

O odor do horário
Foi arbitrário e elegância faltou-te
n’um instante...
Quão rápida teria sido aquela partida
Ao deixar para mim o peso e a conta
da quarta dimensão...
O mistério?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Saudade em soneto



Valha-me dia frio diante da maior ausência atroz...
Quem terá maldito o espaço ao meu lado
Calou os porquês na garganta ao ler sem letras
Que ando só e ladeado por um amor que nunca está ali

É que a saudade não quer ser vista como termômetro
E não creio em seu pico no dolo o indicador da real febre
Não. O cheiro de alguém ausente inebria todo o sistema
No auge do delírio crônico sorvo a solidão à covardia

Traduzindo o fulgor dessa epopéia difusa
Digo-vos que nada é feito por um ourives solitário
E a falta visceral que sinto copiosamente lacera-me

Inútil jurar um inimigo cruelmente não detectável
Provoca aos sussurros que vê-te pelas ruas
Salve-me já de tudo surgindo à minha porta.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Autocorrosão


Descascar a alma com riso
Ainda que seja seu derretimento
Não denegri a inveja alheia
Haveria jamais de soltar um único pêlo

Mergulhado em suas enseadas sulfurosas
Ao descaso de uns floresce minha paz
Pergunta-me o anjo pela minha dor
E a resposta terá vindo sem demônio

A alma e o riso são de outrem
A inveja é mesmo ao lado deles
E o fio é do meu corpo indivisível

As águas terão com seus donos
Minha paz é sadia em seu invólucro
E se a destruição não chegou aqui...?

sábado, 24 de abril de 2010

Uma para você

Só mesmo a ti que valha
Minha aflição nessa semana

E a maior companheira
É a ausência que extingue os ajustes;

Ao pôr à prova uma tênue ciência
Cuja lei é a tal liberdade a mim cedida,

Venho explodir em contrapartida
Ao comprovar que nada é uma única visão

E que eu conheço o calor expelido
Pela lágrima, pelo suor e do sangue.

A verdade não causa dor insuportável
Atiraria eu nos tímpanos ao fim, caso fosse

O engano me corrói infiel e o que tenho
são palavras que descem ao estômago...

Estilhaçam-se com a paz e acidulam
Como doem...

Tanto tempo e o nosso legado?!?
A errônea oferta de liberdade... Aquela!

A mesma que me subestima ao fogo
Antes fosse fácil ativar a descarga sobre o meu amor

Então a liberdade é o pior presente
Peço uma força que me arranque a contragosto

Estas palavras projéteis não são de matar
Mas que não saiam pela culatra.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Heptetos de amor eterno



Se pudesse, por um segundo,
Roubar-me os olhares
Escuros opalinos;
Estaria jogado ao vácuo de mim
Jazendo à míngua do espírito
Não mais audaz...
Frio.

Ao crer na ausência do fulgor
O qual me trouxe dos ventos
Do todo amor perene
Venho sangrar diante dos reis
Ao saltar do cais altivo
Sempre a amargar...
Um rio.

Em ti o mundo, verdadeiro pavão
Flamula a forjar
O rosto cativo
Em semblantes de não e sim
Ordenando ser exclusivo ao sol
Implorando o amor...
Eu abro.

Fecho as trancas do inferno.
Moldo o ninho felpudo,
Tudo branco
Negro porte do roçar
Sendo simples demais, singelo
O ato de amar...
O astro.

Rasga o peito a dor latente.
Gela o oráculo
Orbe azul.
À explosão de estar deitado
Invade-me o tormento
De esperar-te...
O dia.

Há de sentir cobrir-te com asas
Em calor mundano
O eterno lar
Numa esquina foge o ar
Vem a duna de ti
Radiar, dizer...
"Sorria".

Quero o peso da tua presença
Seio forte do teu aperto
Aspiro calma.
Ao teu medo escorpiono
Sou Deus do teu ser
Um forte...
Escudo.

Claro poético o fiz pedestal.
Ria do meu riso por louvor;
Crie-me teu poema
De fervor que afaga
Uma alma, densa aura
Só por amar...
És tudo.

sábado, 27 de março de 2010

O falso bobo


Ao viver da expressão
O choro ressoa risonho
A lágrima lhes é invisível
Um mundo levanta saltitante
Porém...
O reino de dentro
Pode sangrar
Ai do bobo que assim
Revelar!
É o caos do tempo novo
E o alegre não arreda
Não perde
O passo e o salto
Desgosto
A lágrima novata
É tatuagem no rosto
O astral do recinto
É a energia do bobo
Seu passado
Ataca-lhe à dança
Bravata!
Não lhe deram a tristeza
Só coreografia
“Enriqueça!”
E um bobo acontece
Ao cerne do salão
Não há prece
A pele é fantasia, coragem
No outro lado, a alma
Persiste
Contra a defasagem
Em sua arte
Encontra aclamação
Na saudade, seu lado sombrio
No vazio
Então constante
Somente rodopia...
Quem sabe um dia
Não vença a solidão?

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pluralidade ardida


Eu não sou igual
Você não é igual o dia
O dia não é igual a mim
Eu não sou igual a você

O mundo não é igual
Você não é igual o tempo
O tempo não é igual
O mundo não é igual a você

O espelho não é igual
Você não é igual o senso
O senso não é igual o certo
O espelho não é igual a você

O novo não é igual
Você não é igual o pop
O pop não é igual o necessário
O novo não é igual a você

O igual não é o mesmo
Você não é o mesmo que o futuro
O futuro não é o mesmo que o interessante
O igual não é o mesmo que você

Eu não sou o mesmo
Você não é o mesmo que o ontem
O ontem não é o mesmo que o tarimbado
Eu não sou o mesmo que você

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cisão alguma


Estar invisível ao mal
Poder extrair a essência
Em seu âmago,
Amado me fez
De todo fulgor
Contido.
E alimentas a força
De tudo que explode
Em meu íntimo.
Execras a dor
que faz-me mentir;
Exilado na verdade
Mapeio um campo
Etéreo na lei da razão
E sinto todo o universo
Cabendo
em uma pequena parte
Do meu estranho amor...
São meus olhos,
Teimosos ao indicarem
A sua versão mais fácil
Quando,
de igual errata,
As mãos arvoram-se
Em descobrir
O que outro ente,
ao cerne de mim,
Domina e venera
Porém sou um tolo...
Mereço desprezo
Do principal abraço
E tudo que já quis
Tantas vezes
Levou-nos ao chão.
Há de querer-me
Quando o elo
Mostrar-se rompido
Busco-lhe no vazio
Mesmo embriagado
Por qualquer alegria
Alheia à nossa
Fazenda de sonhos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O cheiro do amanhã


Eu hoje senti um cheiro de futuro...
Mas dos dias nos quais pensaremos não haver
um só mal-dormir
Uma forte impressão de que as pessoas não mais
olhariam-se descrentes
A nova onda com a qual a beleza olhará por todos
pelos bons atos

Foi então que eu estremeci...
As cabeças estariam erguidas para o eterno
em igualdade
As mulheres desejosas de si e afirmadas
pelo mundo
Toda diferença insensível ao toque nú
e a crença seria outra

Não distante, veio-me a fome...
Enganado pelo cheiro do amanhã quase morri
de vazio
E ao notar que ele vinha sorrateiro
de outras letras
Devorei as folhas na tentativa de alimentar-me
para os dias de hoje.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Clamo

Pedaço prata da lua
Verdade banhada em água de cheiro
Uma seda inteiriça,
Detalhes desdobra
Abismo entre lírios
Dos teus zis trejeitos
Você é a guia
Da luz retumbante
Não vale paraíso ao longe
Que mais atrairia?
És um monte presente
Em frontal paisagem, manhã.

Você...
Culpada do riso constante em mim
Traíra da falta que de mim brotaria
Não engaja na calma que nos quer ter frios
Tão sábia e lá forte que reconhece o enlace
Eu clamo...

Extrato do campo
Num aperto magistral
E há uma ponta de nobre firmeza
Não quer o desgosto
E eu clamo
Teus vis acertos
Ao trazer a beleza
Da luz condizente
Mais quero a flora bem rija
É o seu recontento
O fim do eclipse,
O período do beijo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DIA DE MAR


DIA DE MAR
É PENSAMENTO NA MÃO,
CORAÇÃOZINHO DE PEIXE
E O HUMAITÁ.
SEMPRE TE TENHO
SEMPRE!
AO REI DAS MAÇÃS
DORMINDO CEDINHO.
CREDO, TÃO TENSO
O AMOR A PAIRAR
NA FLOR D’ÁGUA
FICAMOS.

E O RISO DO MAR ABUSA DA SORTE,
CONTRA NOSSA VONTADE
AO TERMOS QUE IR EMBORA
E NÃO DESCONTAR
UM SÓ GOLE EM SEU PORTE.

RIO DE GRANDEZAS
É O SEU CORAÇÃO
QUE ME VÊ
TÃO DE PERTO.
MESMO QUE TENTE
EU NÃO CEDO
SOU FORTE, SOU NEGRO
E ENTENDO A MARÉ...
A AMÊNDOA NÃO CAI POR VOCÊ
EU SIM O FAREI
MAS NO CAIS
ETERNO, EU, OLHO SEU MAR.

DIA DE MAR
É DIA DE DOIS
DIA DE AMOR
É TODO DIA
CARÍCIA AZUL
É TODO DIA
PRO HUMAITÁ
NÃO TEM DIA

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Rosa


Uma vez arrebatado a contra gosto
um só espinho...
ecoa o choro que da rosa,
por um soluço,
perde o outro lado
somente a dúvida haveria de habitar
num coração
centro da rosa!
forte estrada que escolheu
estar pr'adiante.

Acompanhamos o novo tempo
que na verdade... começa.

Se a um penhasco resta ao fim
guardar os ecos de outrora
a emoção de atirar-se nele traz à tona
novas dores
mas não inéditos tormentos...
se ficares, pequena rosa
só mais uns dias na encosta,
lhe restarás uma ponte para lançar
outros ramos

E veremos uma ponte sobre um penhasco
coberta de rosas.

Nobres atos fogem de nós
ao estremecer da grande fúria
e é certo querer sim trazer consigo tempestades
mas os relâmpagos não carregam em si
pequenas pétalas!
elas nascem das próprias rosas
até que morram
e dêem lugar a novas pétalas
Teu orgulho, tua audácia e astúcia
de ser rosa
traz a ti a real riqueza de deitar em seu jardim.

E os velhos espinhos estão para trás...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Amor direto

Eu sei bem que você é a pessoa
Que eu amo com normal provocação
Mas ciente da linha que enforca
O total desapego no tempo
Pois alento
Encontro pr’além.
E você não encontra vontade suficiente
Pra esquecer dos abraços loucos
Calcados no nada e que são cheios,
Tão longos!
Capazes de trazer todo o tremor
Dos meus ossos roídos de prazer.
O teor do meu gosto perde a pegada
Sucinta em si mesma
Descrente de negação
Pois aprova o agora
E vai morrer na sua boca
Tão cala, ansiosa
Trêmula
Até o momento
Decidido pelo sim de torná-la
Completa.

Primeiro presente


A você que me quer tão bem,
Soa o meu cantar mais que secreto.
Traz-me o teu silencio doce...
O teu colo também.
E a flor que eu nunca soube tratar
Vai rir de mim
Quando eu perder o jeito na tua frente.
Se eu notar que há uma chance,
Vou apagar os teus temores.
Aí saberás florescer pro mundo.
Terás uma cor tão nobre
Que o mais cego dos seres
Saberá que eu fiz-lhe
Nos melhores tons.
Não haverás de causar inveja
Mas sim apreço.
Eu elegi a ti
Como o principal miosótis.
E não haverá mau tempo
Que arranque-lhe beleza.
És a fonte infinita da minha saudade,
O amanhã espero.
_____